Ir. Maria Taki Ossafune foi a primeira irmã da Congregação das Irmãs da Caridade de Miyazaki. Taki  nasceu no dia 28 de abril de 1892, na cidade de Hitoyoshi, no bairro de Ide, cujos pais foram os Srs. Tsuneichiro e Mishi. Toda a  sua vida desde a mocidade, é cercada de  exemplos de uma pessoa dedicada e sempre disposta a lutar por aquilo em que acreditou.

Quando Taki contava 13 anos, seus pais se separaram. Não muito depois sua mãe contraiu novo matrimônio, da qual nasceram três filhos. A familia Ossafune dirigia grande negócio de destilaria de aguardente. Embora contragosto, para atender ao desejo dos pais casou-se com Kahei Takahata, para herdar e dirigir os negócios de família, e desta união nasceu o filho Takamichi. Taki sozinha, dirigia com muita eficiência os negócios da qual foi a herdeira, pois o seu esposo não se interessava em tais trabalhos. Quando estourou a Primeira Guerra Mundial, Kahei foi convocado para o serviço militar, e aproveitando-se deste motivo, divorciou-se da Taki. Após uma grande dívida contraída pelo esbanjamento do tio por parte do padrasta, Taki sofreu um grande golpe de falência, perdendo tudo o que possuía. Para poder sustentar-se Taki empregou-se numa escola primária como professora, cuja ocupação trouxe-lhe novas alegrias.No dia 15 de agosto de 1919, Taki e se filho Takamichi foram batizados na Igreja Católica, apesar da contrariedade da família, que sempre seguiram a prática tradicional dos antepassados. Takamichi  tornou-se seminarista dos Salesianos, mas acometido por uma grave enfermidade de tuberculose, faleceu ainda jovem, aos 21 anos de idade, sem poder realizar o seu sonho e de sua mãe de tornar-se um sacerdote Salesiano. 

Em 1928, Taki conheceu pela primeira vez a Congregação de Dom Bosco, quando Monsenhor Dom Cimatti trouxe para Hitoyoshi o seu grupo de concertos musicais. Em 1933, convidada pelo Padre Tanguy,da Congregação Salesiana, Taki foi para Miyazaki ajudar o asilo fundado pelo Padre Antônio Cavoli, de quem nunca mais se separou. Passou a trabalhar incansavelmente, auxiliando os doentes, as criancinhas e os idosos que vieram morar no asilo, desde o despertar da manhã até as altas horas da noite

.Em 1932 quando Padre Antônio Cavoli fez a proposta às jovens voluntárias do asilo para tornarem-se religiosas de uma nova Congregação Feminina que estava para fundar, Taki que já contava 40 anos,não fez nenhum caso, como se não lhe dissesse respeito. Apesar dos insistentes convites do Padre Cavoli continuou a muito tempo recusando-se ao convite, até que um dia deixou-se vencer pelo  desejo do Padre que ela fosse a sua colaboradora e líder da Congregação nascente. Com toda a humildade aceitou com estas palavras : “Se uma pessoa como eu pode ser recebida na vida religiosa, estou de pleno acordo.” E todos ficaram felizes com a decisão da Taki, pois ela era totalmente estimada, amada e respeitada por todos. Todos em seu íntimo sabia que não haveria outra pessoa para ocupar esse lugar senão a Taki. No dia 22 de agosto de 1937, juntamente com mais 4 jovens, Taki tornou-se a noviça da Congregação nascente, e recebeu o nome religioso de Irmã Maria.

No dia 31 de janeiro de 1939,2 anos após a fundação da Congregação, na festa de Dom Bosco, Irmã Maria tornou-se a primeira religiosa da Congregação das Irmãs da Caridade de Miyazaki. Nesta data, padre Antônio Cavoli  declarou diante de todo o pessoal do asilo :

 “Irmã Maria até hoje foi zelosa, vigilante guarda do asilo e mãe carinhosa das crianças. Neste momento vou confiar outra tarefa. A senhora será a mãe desta família religiosa. Assumirá a incumbência de velar por todos. Desde hoje, todos devem chamar a Irmã Maria de Madre. Profundamente convicta de que como primeira religiosa da Congregação, possui a grande responsabilidade não só servir a Deus, como de dever dar exemplo de vida como apóstola da caridade do Coração de Jesus.

Durante os terríveis tempos de guerra, Irmã Maria  foi capaz de tirar os próprios alimentos para dar de comer aos outros, pois seu coração sangrava de dor os seus queridos abrigados sem ter o que comer. Cansada e com fome, todos os dias saía em companhia de uma aspirante, puxando um carrinho para pedir comida para os seus 200 amparados no “Jardim da Caridade”, como era chamado o asilo.  Seu coração de mãe exigia-lhe  que pelo menos à crianças e doentes fossem dadas canja de arroz, mesmo que para ela bastasse qualquer coisa para somente poder viver.  Todos os dias se ajoelhava diante da imagem de S. José, para desabafar em lágrimas. Dizia : “Senhor, amanhã não tenho um grão sequer de arroz para dar a vossos filhos.  Não abandoneis vossos filhos...”Uma irmã colega sua, que ouviu a Irmã Maria suplicar tão angustiadamente, diz que não conseguiu conter as lágrimas. Graças à sua fé tão grande e tantos esforços que vem do coração verdadeiramente de uma mãe, mesmo  nos piores tempos da guerra, Deus providenciou para que um dia sequer os abrigados ficassem sem as três refeições do dia !

     Para proteger todos os 200 abrigados do Jardim da Caridade, dezenas de vezes foram necessários esforços heróicos para transporta-los à pé até outras cidades cuja caminhava durava noite inteiras, quase sempre carregando os idosos debilitados nas próprias costas ! Muitas vezes eram necessários caminhar entre os cadáveres carbonizados pelos bombardeios, outras vezes dentro do mato. O que um coração de mãe não faria em favor da vida dos seus filhos !

Passado as guerras, outra atividade importante para a qual Irmã Maria empregou muita das suas energias foram as viagens a procura de novas vocações para serem religiosas da Congregação. Naquele tempo, o único meio de transporte era o navio. Quantas vezes ela precisou viajar castigada pelos frios cortantes, sem nenhum cabine para se abrigar das borrascas e tempestades durante toda a noite. Realizava Palestras maravilhosas em todas as cidades onde passavam, inumeráveis jovens contagiadas pelo ardor e entusiasmo da Irmã Maria ingressaram na Congregação Caritas. Ainda hoje,  muitas irmãs que ingressaram à Congregação influenciada pela Irmã Maria recorda com muita saudade e gratidão : “Uma noite muito fria, pelas frestas das paredes penetrava ventos gélidos e não conseguia conciliar o sono, a Irmã Maria cobriu-me delicadamente com seu edredom. Isso me comoveu até as lágrimas, pois tinha certeza que também ela não dispunha de cobertas de sobra, pois todos nós naquele tempo levávamos uma vida muito pobre.”

          Em 1956 deixou a responsabilidade como Madre, e em 1958 adoeceu-se gravemente em conseqüência do câncer de seio. Após duros e prolongados tratamentos, Ir. Maria recebeu a permissão para continuar o tratamento no convento de Kofu, onde havia muita água térmica natural. Durante esse período sofria terrivelmente as dores e no dia 9 de abril de 1973, Irmã Maria expirou  tranqüilamente, como se entrasse num sono profundo, cercada pelas orações das irmãs. Viveu 81 anos e 8  meses.

          O seu corpo foi velada em Tóquio, e durante este ouvia-se um grande choro coletivo e a lamentação diante da separação com uma pessoa tão querida e amada : “Irmã Maria, jamais esquecerei a senhora. Muito obrigada. Adeus !”  O seu corpo apresentava uma beleza como que divina, todos que a conheceram em vida  diziam admirados : “A gente morre como vive...” A despedida durou desde a manhã até meia a noite; pode-se ver como ela era tão bem quista por todos, desde as autoridades da Igreja até os mais humildes da sociedade.

Enfim são inumeráveis os testemunhos de exemplos comoventes e muito edificantes que temos sobre a Irmã Maria Ossafune Taki, exemplos esses de profunda santidade, de quem amou a Deus e os irmãos de uma forma sem limites e sem medida.

Irmã Maria foi um grande exemplo de Caridade, de paciência, de um verdadeiro coração de mãe para com todos. Ela viveu a cada dia com toda a fidelidade, como um dom, foi  a figura da alegria no meio da tristeza, esperança entre as dificuldades, um vivo  modelo de amor  para toda a família Caritas.

Aproveitava folhas de calendários ou de embrulhos já utilizados para confeccionar cartões com poesias que ela mesma compunha. E assim queremos lembrar dessa irmã tão especial para nós.